Há várias formas de ser sustentável, e essa é a lição mais importante do terceiro manual Expresso Ser, esta sexta-feira nas bancas. Se é justo que a palavra sustentabilidade nos traga imediatamente à cabeça temas relacionados com a natureza, a comida e a poluição, é preciso lembrar que o conceito é isso e é muitas outras coisas. É, na verdade, a vida toda. E inclui o local de trabalho.
O manual “No Trabalho” tenta dar pistas rumo à sustentabilidade em várias dimensões: as questões práticas, do papel aos transportes em que as empresas e os profissionais continuam a gastar mais do que o necessário, às questões de igualdade, e, por fim, às novas formas de trabalho, como o nomadismo digital.
Abaixo encontra algumas dessas sugestões. Esta sexta-feira, nas bancas, pode conhecer todas elas, além dos artigos de opinião dos autores convidados e as histórias de vida que lhe trazemos. Não perca.
ESCRITÓRIOS
Chávena própria
Quantos cafés bebe por dia no escritório? E quantos copos descartáveis isso significa, mesmo que não sejam de plástico? A alternativa é simples: guarde na gaveta uma chávena grande e um copo de café, além do obrigatório cantil — seja água, café ou chá, nunca mais precisará de mandar um copo para o lixo.
Go digital
Outro clássico que, não estando à beira da extinção, deve ser bem pensado é o ato de imprimir. A partilha de documentos está facilitada pelos serviços digitais, tal como a leitura e o armazenamento. Se precisar mesmo de imprimir, escolha a opção de impressão em ambos os lados da folha de papel, o que já reduz o gasto em 50%, e não as deite fora, já que podem servir de papel de rascunho ou para breves anotações.
Menos e-mails
Parece contraditório com a dica anterior, mas não é, porque a internet não está livre de pegada carbónica. Já pensou quanto é que gasta para que um e-mail de pouco mais do que uma palavra — “ok”, “obrigado”, “falamos depois” — seja enviado e se mantenha disponível, virtualmente, para sempre? A resposta é simples: gasta-se “muito”. Mas simplicidade é substantivo a evitar, porque se é difícil medir com precisão todos os itens da nossa pegada, fazê-lo em relação à internet é impossível. Estamos a falar de uma rede à qual estão ligadas milhares de milhões de máquinas, com milhares de milhões de dados, armazenados numa ‘nuvem’, que é real e tem forma: os centros de dados, responsáveis por guardar e processar toda essa informação, e que exigem energia tanto para operar os servidores como para os manter refrigerados — é por isso que gigantes tecnológicas como o Facebook constroem os seus em climas frios. O aumento exponencial dos dados gerados no mundo tornou estes centros responsáveis por quase 2% das emissões de gases com efeito de estufa, um peso já comparável ao da indústria da aviação.
Sensível
Os sensores de presença são bons aliados para evitar gastos desnecessários, sobretudo se o hábito de deixar luzes acesas em toda empresa estiver entranhado. O ideal é instalar este mecanismo sensível à presença de pessoas em todos os espaços, mas sabendo que há locais onde os funcionários passam muito tempo, uma boa técnica é começar pelos outros. Os exemplos mais comuns são as casas de banho e os corredores, que costumam estar iluminados sem ninguém para iluminar.
No céu
Ainda no capítulo dos transportes, o trabalho aparece como fundamental, porque além das deslocações diárias, pode obrigar a viagens longas. Para essas, o comboio em vez do avião é a melhor saída, porque alia um custo ambiental menor a um alto nível de conforto e até de contacto com a paisagem. Nos casos em que for possível, reflita sobre se precisa mesmo de fazer a viagem. E tome atenção ao comportamento da sua empresa: um estudo recente da ONG Federação Europeia de Transportes e Ambiente analisou 230 grandes empresas e concluiu que 84% quase ignora a sustentabilidade das deslocações e não se compromete a reduzir as viagens de avião.
COWORKING
Rede Sitio, várias localizações
Não é apenas um cowork, mas uma rede, do grupo Himo, de 15 espaços de trabalho partilhados em Portugal: dez em Lisboa, três no Porto, um em Setúbal e outro em Aveiro (este na fase final de execução). Para o grupo, esta é uma forma de responder às “novas dinâmicas sociais, económicas e laborais” que estão na base de um “novo estilo de vida”. Um estilo que combina as dimensões ambiental, social e económica. A sustentabilidade dos espaços vê-se “na partilha de recursos”, que também permite “economia de obras e de consumos”, sejam eles nas copas, nos WC, nas salas de reuniões. O grupo Himo refere ainda como fatores importantes a “otimização de recursos energéticos, numa gestão unificada”, o “maior controlo de energia, nomeadamente nos espaços comuns”, que só consomem energia quando estão a ser usados, a recolha seletiva de lixo e o “uso de canecas e copos Sitio de materiais duráveis, como vidro e louça, evitando descartáveis”.